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Tintas Acrílicas
A ORIGEM

Como Diretor de Arte na agencia Midas Propaganda do Empresário Abraham Medina no Rio de Janeiro em 1966 conheci seus 3 filhos: Ruy, Rubem e Roberto; este último acompanhei posteriormente na Artplan Publicidade nos anos 70 como Diretor de Arte e Lay out man , onde conheci o  escritor Orígenes Lessa que na época era o Redator da Artplan, e no início do ano de 1982 Roberto pedira-me que lhe pintara um quadro com o Dom Quixote, motivando-me, a partir daí, a imbuir-me profundamente na história Quixotesca. Foi quando a Maria Alice, então esposa do Roberto, me emprestara  os 3 volumes em português arcaico do livro Dom Quixote da Mancha, o que me levara a pintar, durante alguns meses, uma Coleção de 24 Obras, das quais o Roberto escolheu “O Apogeu do Quixote”. Nesse período sai da Artplan e me dediquei exclusivamente à pintura.

Essa Coleção deu conteúdo a uma Exposição na ABL - Academia Brasileira de Letras em Dezembro de 1982, inaugurando oficialmente o Centro Cultural do Brasil, prédio anexo da ABL. Sucesso absoluto! Foi o maior acontecimento artístico daquele ano, com ampla divulgação no Jornal O Globo, Jornal do Brasil, na Revista Gener, Jornal Israelita e algumas Colunas...

Eu vinha sendo promovido na Coluna Globarte da Sonia Streva no Jornal O Globo (o Artista Plástico Sansão Campos Pereira tinha me dado a dica), quando em 24 de setembro de 1982 me tornei “Gente destaque”, o que chamou a atenção da Kinga, Presidente da ABD – Associação Brasileira de Desenho, quem estava promovendo, na época, a Mostra Internacional Contemporânea de Artes Visuais no prédio anexo da ABL (ainda sem ser oficialmente inaugurado), convidando-me à participar, e aceitando seu convite, fiz parte da Mostra com a Pintura “A Vitória de Dom Quixote em Papiro”, o que me rendera uma Medalha de Ouro como premiação e uma honraria como Homem Ilustre do Brasil.

Assim cheguei à ABL, e terminando de instalar o pesado quadro no alto do primeiro lance da escada do prédio anexo, senti a presença de duas pessoas detrás de mim e me virando,  reencontrei o Orígenes Lessa, dessa vez como Acadêmico e acompanhado de sua esposa Maria Eduarda, ele me comentando que não sabia eu ser capaz de fazer algo assim tão impressionante, e que lhe respondi: “eu também não sabia”, e quem me apresentara a seguir ao Austregésilo de Athayde, Presidente da ABL na época, quem me colocou como exigência para conceder-me espaço, que a apresentação fosse feita pelo Crítico de Arte Antônio Bento, o que atendi, e então me concedeu o Prédio anexo da ABL por 7 dias, de 17 a 24 de dezembro de 1982, para realizar a Exposição no tema de Dom Quixote, e com quem conversava muito... eu fui um dos poucos que podiam sentar do lado dele no banquinho que ficava no Jardim da entrada do Petit Trianon, um hábito que o Athayde cultivava toda sexta-feira no final da tarde. 


Numa dessas ocasiões, anos depois... devia ser no início de 1993, ao pé do ouvido, me sugerira o desafio de pintar o Retrato do então Empresário Roberto Marinho, afirmando-me que se gostasse (porque o Marinho não gostava que pintassem seu retrato, e o conhecia bem, pois eram amigos de infância) iria me colocar no topo com sua promoção. Acreditou no meu Talento. Aceitei o desafio. Retribui com a sugestão de que convidasse o Roberto Marinho para ser Acadêmico (o que aconteceu em 22 de julho de 1993 quando foi eleito, tomando posse em 19 de outubro de 1993).


O Dr. Roberto, como era chamado, tinha adquirido em 1982/1983 duas Pinturas da minha Exposição: “O Quixote e Rocinante antevendo-se no impacto contra o moinho” e “Dom Quixote cavalgando sereno”. Tenho uma foto do momento que as entreguei em sua casa no Cosme Velho.


Em 17 de Dezembro de 1992, realizei uma nova exposição na ABL homenageando o Dr. Roberto, e no ano seguinte adquirira mais uma Obra de minha autoria, desta vez a pintura “Argentina”. Registramos a entrega, eu e minha filha Rosângela, numa fotografia autografada por ele em 5 de Maio de 1993.


Foi então que segui o conselho do Athayde e propus ao Dr. Roberto de pintar seu Retrato, ao que lhe solicitei que me fornecesse uma ampliação do rosto dele, especificamente da foto que fizemos ao seu lado na entrega da Pintura “Argentina”. A final, tinha sido um momento especial. Providenciou-a junto ao fotógrafo o Jornal O Globo que registrara o momento. A Dona Lígia, sua Secretaria na época, nos entregou em mãos a foto ampliada de sua face. 
 

A partir daí, entre 1993 e 1996, me aboquei a pintar o Retrato do Dr. Roberto, quem fora acompanhando a elaboração da Pintura desde o início, sem no entanto fazer qualquer tipo de aporte financeiro.


Quando esbocei os primeiros traços no desenho a grafite sobre a tela branca, minha Filha a levou ao Jornal O Globo, sendo recebida na Presidência pela Dona Ligia, fina Senhora, quem a levou para o Dr. Roberto apreciar no seu Gabinete pessoal. Passados alguns minutos, ela retornou com a tela transmitindo-lhe os apontamentos que o Dr. Roberto fizera, explicando minha Filha que se tratava de um estudo preliminar e que durante a pintura a óleo todas essas observações seriam aperfeiçoadas. 


Usei uma técnica própria que intitulo de “Atracionismo”, utilizando materiais como esmalte sintético, óleo, resina poliuretana, folha de ouro, pedrarias e espelho, proporcionando efeito de tridimensionalidade e requinte.


Foi um longo e desafiador período de realização que levou 3 anos, passando a retratar, em farda, o já Académico Roberto Marinho em sua figura de imortal.


Finda a Obra, Eu, minha Mãe e Filha, levamos no Jornal O Globo a Pintura Atracionista com rica moldura, sendo atendidos pelo Irmão, o Dr. Rogerio Marinho, quem recebeu a Obra para mostrar ao Dr. Roberto, perguntando o preço da mesma, ao que lhe respondera não ter pensado nisso, pois o desafio era que o Dr. Roberto gostasse do resultado e com sua aceitação final, eu poderia dar a Obra por finalizada. E assim, poder ter seu apoio e promoção, como o Athayde antevira, me colocando no topo e consagrando-me como Artista no Mercado de Arte, o que de um milhão... apenas um consegue. 


Deixamos a Pintura com ele na confiança. 


Transcorridos 3 dias, o Dr. Rogerio nos telefonara, pedindo para que fossemos ao Jornal. Ao nos receber, na qualidade de interlocutor do Dr. Roberto, disse que a Pintura estava boa e que podíamos fazer com ela o que quiséssemos, devolvendo-a para nós. Ficamos gelados! 


Sem entender o porquê da devolução do Retrato e dessa reação inesperada que a considerei no mínimo inusitada e contraditória, sem lógica ou sentido, além de tentar encontrar uma explicação plausível para o que interpretei como uma descortesia, passei a me questionar sobre que valor daria ao Retrato, tratando-se do Homem que era tido como o Deus do Brasil, aliado à sua ampla representatividade na Sociedade Brasileira e com prestígio internacional. Tinha que ser condizente com sua importância empresarial e social para evitar qualquer possibilidade de menosprezo à sua pessoa, o que de minha parte estava totalmente fora de cogitação, desde que minha admiração por ele era gigante. 
 

Raciocinei na seguinte linha: na ocasião o quadro mais caro do planeta era o “Dr. Gachet” de Vincent Van Gogh vendido por US$ 82,5 milhões, e entendendo ser o Dr. Roberto mais importante que o Dr. Gachet, cotizei a Obra em US$ 100 milhões.


Foi então que pensei em encontrar interessados em adquirir “O Retrato do Acadêmico Roberto Marinho” para presenteá-lo como cortesia. Procedi então a divulgar em páginas inteiras a Obra em diversos jornais, Folha de São Paulo, Correio Brasiliense, Hoje em Dia e Folha de Minas, colocando a exigência que, quem a adquirisse, a desse de presente ao Dr. Roberto. A repercussão foi considerável. Deu o que falar. 


Nesse tempo o empresário Argentino Eduardo Costantini, que adquirira o “Abaporu” de Tarsila do Amaral para seu Museu, o Malba de Buenos Aires, vinha se promovendo no Brasil com intenção de abrir aqui uma filial. Pareceu ser um forte candidato.


Havendo feito contato telefônico com o ele, concordou em ver a Pintura. Combinamos então de levá-la a Buenos Aires e agendamos o encontro pessoal previamente. Desta forma, programamos A VIAGEM à Bs. As.

 

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Luis Héctor Pedrini

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