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Relógio inteligente
O RESGATE FRUSTRADO

Estamos posicionados em Setembro de 1996... no Rio de Janeiro.


Voltar no tempo é complicado... mas a memória registra e guarda os acontecimentos mais importantes. Abordaremos o mais relevante para compreensão dos fatos.


Continuando...


Recuperados do susto e descansados, começamos a buscar os meios para retornar o quanto antes à Buenos Aires e recuperar a bagagem que nos fora retida forçadamente no Hotel Salles.


Recorremos à pessoas importantes, Empresários, Galeristas, o próprio Roberto Marinho e Filhos. 


Ate à Ex-Esposa do Dr. Roberto... a Dona Ruth Albuquerque, que sempre foi muito gentil conosco... uma verdadeira Dama da Sociedade. 


Um dia nos convidara a almoçar em sua Cobertura na Rua Garcia D´Ávila em Ipanema, quase esquina com a Praia. Fomos os 3: meu Pai, minha Avô e eu. Como sempre, ela foi impecável! No cardápio serviu-nos abundantemente com Camarões deliciosos e uma sobremesa de morango, tipo torta mouse, que me lembro até hoje... a mais gostosa que já experimentei na vida! Que delícia de almoço!. 


Na ocasião, e em outras que a visitávamos, nos comentara que a TV Globo esteve disposta a comprar-nos o Retrato para presentear o Dr. Roberto. Pagariam 500 mil reais. Só que essa oferta não chegara ao nosso conhecimento. Parece que foi antes da viagem. Quanta coisa teria sido evitada! Nunca soubemos o porque não nos procuraram. Foi uma pena. A história teria sido outra. Enfim...


Ela mesma poderia ter nos ajudado a regressar à Buenos Aires, mas parece que estava impedida. A final, ainda mantinha boas relações com a Família Marinho, principalmente com o João Roberto que a visitava frequentemente e na época morava perto dela, no Edifício Hain Nigri na Av. Vieira Souto 486. 


Ainda assim, nos ajudara em algumas ocasiões em que tivemos dificuldades financeiras. Sabia bem pelo que estávamos passando. 


Uma outra tentativa foi junto à ABL – Academia Brasileira de Letras. A final, o Dr. Roberto Marinho fazia parte do quadro dos Imortais. Enviamos uma carta para cada um dos Acadêmicos pedindo para que, entre todos, nos ajudassem financeiramente com o custo da viagem e a dívida que tinha ficado no Hotel. Assim, a própria ABL poderia homenagear o Dr. Roberto presenteando-o com o Retrato que meu Pai brilhantemente pintou. Ficou um luxo!. Surpreendentemente não houve resposta, inversamente ao que se esperava como sendo uma atitude de apoio natural... acreditam? 


Poderia ser inexplicável, mas o Dr. Roberto era uma pessoa que impunha sua vontade. E os Acadêmicos não devem ter querido contraria-lo. Supomos. Na verdade não soubemos o porque. 


A luta continuou... buscamos outras alternativas.


Decidimos buscar uma aproximação pessoal com o João Roberto Marinho. 


O Jean Boghici, Colecionador, Marchand e Galerista com quem tínhamos boas relações, um dia nos telefonou e convidou para irmos na Vernissage da Exposição da Escultora Maria Martins na Galeria dele, na Rua Joana Angélica Nº 180 em Ipanema.  Era Setembro de 1997. Curiosamente um ano depois da situação em Buenos Aires, relatada na Parte 2 desta história.

Aceitamos o convite, e nessa noite, com a Galeria lotada, de repente ouvimos o Boghici chamar o João Roberto em voz alta. Foi quando o reconhecemos atravessando o salão e subindo as escadas para o mezanino. Imediatamente fomos atrás para falar com ele. Foi nosso primeiro encontro pessoal. Nos apresentamos educadamente e entramos no assunto do Retrato do Pai. Ele estava com um ar bem serio. Não foi muito amável, mas nos ouviu, sem no entanto responder nada concreto.  Nos despedimos, nos olhamos de longe, quase que medindo as distâncias, até que desceu e foi embora. 


Numa outra ocasião o reencontramos inesperadamente na inauguração da Exposição do Artista Jorge Eduardo, junto da Cerimônia de Outorga do Título Honorário de Cidadão Carioca ao Marchand Jean Boguici no Museu de Belas Artes do Rio de Janeiro. Fomos convidados pela então Diretora Heloísa Lustosa. Ela era bem amiga da Família Marinho. Depois de um tempo circulando pelos salões da Exposição, cheios de pessoas, e de tê-la cumprimentado, lembro que uma meia hora depois tomei um susto quando virei o rosto à minha direita e vi o João Roberto atrás de mim, falando com algumas pessoas. Lá estava ele de novo... muito animado, rindo às gargalhadas em alto e bom tom, se destacando e chamando toda a atenção para ele. Nós três, meu Pai, minha Avô e eu, também estávamos num super alto astral, conversando alegremente com pessoas interessantes. Ele circulou pelo salão, até que passou do nosso lado e parou do lado de uma moça.

 

Aproveitei e fui ao seu encontro. Disse-lhe que queríamos marcar uma reunião com ele. De costas para mim, virou o rosto meio de lado e me disse: “me liga lá”. Respondi com uma pergunta: “lá onde?” Tinha sido bem vago na indicação. Imaginei que seria no Jornal, pois ele ocupava o cargo de Vice- Presidente. Ele continuou de costas para mim sem dizer mais nada. Então dei um tchau e voltei a reunir-me com minha Família e amigos. Na hora ouvi ele se virar e me dar um tchau efusivo atrás de mim! Ele foi embora logo em seguida. E assim ficamos naquela noite.


Posteriormente o procuramos no Jornal O Globo. Sempre falávamos com a Secretaria na época, a Cima. Sempre foi muito educada e gentil conosco. Mas nada de agendar a reunião para conversarmos pessoalmente. 


Em 1998, exatamente dois anos depois da situação no Hotel Salles em Bs. As, entre Agosto e Setembro aconteceu a Exposição da Coleção Eduardo Costantini no MAM do Rio de Janeiro, com o Apoio da Fundação Roberto Marinho, da qual José Roberto Marinho era Diretor-Geral. Costantini vinha se promovendo amplamente aqui no Brasil por ter arrematado no Christie´s de New York a Pintura “Abaporu” de Tarcila do Amaral por U$ 1,3 milhão. Foi um recorde! Ele queria abrir uma filial do Malba aqui no Rio de Janeiro, o que no final não se concretizou. Mas ganhou muito destaque em nossas latitudes e no resto do Mundo.

 

Quem ficou à cargo da Organização da Exposição do Costantini? Foi a então esposa do José Roberto Marinho, a Frances Reynolds (hoje Ex-Marinho) através de sua Fundação Arte Viva, criada em 1997 no Rio de Janeiro https://wiser.directory/organization/fundacion-arte-viva-europa/ (foi assim divulgado na época, com endereço na Lagoa na Avenida Epitácio Pessoa, 3724, 4º andar, com sua Sede em Madrid) do qual é Fundadora e Diretora (hoje aparece como sendo o Instituto Inclusartiz o responsável pela Exposição, uma organização cultural sem fins lucrativos com a missão de promover o diálogo e a integração entre cultura e educação, entre outros objetivos afins - https://inclusartiz.org/quem-somos/) fundado exatamente em 1998, ou seja um ano depois da criação da Fundação Arte Viva... não é um fato curioso? Hoje aparecem como sendo duas Instituições independentes, das quais a Frances é Fundadora e Diretora. Ambos Criados após 1996... quando do acontecido no Hotel Salles.


Já conhecíamos a Frances pessoalmente e sempre tivemos uma relação cordial. Ela é Argentina, com quem buscamos apoio para promover nossa Pintura, de Pedrini (meu Pai), Rosini (eu tinha me iniciado como Artista Plástica em 1996) e Marini (minha Avô que seguira na tradição pictórica). Mas não houve nada concreto por parte dela. No início de 2007 a procuramos por email na Fundação Arte Viva em Madrid. Propomos de que organizasse uma Exposição de nossas Pinturas, a que intitulamos “Três Gerações na Arte”. Encaminhou nossa solicitação a David Rodriguez Caballero, Director de Acciones Culturales y Desarrollo da Fundação Arte Viva, quem nos respondeu considerando nossa proposta muito interessante, que estudariam nossa proposta, pendentes de oferece-la a diversas instituições culturais e museus. Não houve mais nenhum retorno ou sequência.


Ela nos convidou para a Inauguração no MAM, e lá estivemos pessoalmente com o Eduardo Costantini, a quem tivemos apenas a opção de cumprimentar (diferentemente de Buenos Aires quando não nos recebeu em seu escritório e preferiu enviar ser secretario pessoal)


O João Roberto Marinho também esteve presente, mas desta vez não nos falamos, nos olhamos de longe. 


No dia seguinte procuramos o Eduardo Costantini no Copacabana Palace onde estava hospedado. A filha dele veio falar conosco na recepção do Hotel dizendo que estavam indo embora e que não tinha como nos receber. Tentamos.


A imagem que tínhamos dele era a de um Empresário serio e respeitado no Mercado de Arte, com quem buscamos uma relação amena e profissional.


O tempo passava e a gente perseverava...sempre.


De vez em quando aparecíamos na TV Globo, onde éramos recebidos pelos então secretários do Dr. Roberto, a Neusa Trindade e o Ricardo Wagner. O Ricardo Wagner, muito educado e gentil, numa dessas ocasiões, ao receber-nos, comentou com meu Pai: “soube que você viajou com o José Roberto à Buenos Aires”. Meu Pai e eu nos olhamos com estranheza e respondeu ao Ricardo com uma pergunta: “quando foi isso?”. O Ricardo desconversou e disse para deixar para lá, que tinha se enganado. 
 

A hipótese foi muito absurda porque não conhecíamos o José Roberto pessoalmente, e nem havíamos tido contato com ele. Como é que poderia ter viajado junto com meu Pai? Foi bem suspeito. Essa afirmação ficou rondando nossas cabeças por muito tempo, e tentamos entender o que havia por trás, pois o Ricardo era serio e jamais falaria algo desse porte se não tivesse embasamento real. 


Será que o José Roberto foi à Buenos Aires com alguém se fazendo passar por meu Pai? E qual teria sido o motivo? Com que finalidade? A única questão que estava pendente era a retirada dos nossos pertences, indevidamente retidos no Hotel Salles, os quais, para nós, ainda estavam lá, incluindo o Retrato do Dr. Roberto Marinho.


Guardamos a informação e tentamos encaixá-la no contexto geral.


No passar do tempo, em contato com muitas pessoas a quem contamos a situação do ocorrido em Bs. As. e da necessidade imperiosa de regressar para resgatar nossos pertences retidos no Hotel Salles, inclusive o “Retrato do Acadêmico Roberto Marinho”, nos manifestavam seus entendimentos, que por vezes se configuravam mais como pistas ou informações “camufladas” para evitar de serem expostas, como se fosse uma atitude de auto preservação, mas sem deixar de nos elucidar o raciocínio na busca da verdade.


Outra hipótese que nos lançaram, e que fazia muito sentido, foi de que a Família Marinho fizera um trato com o Costantini, negociando a Exposição de sua Coleção aqui no Rio de Janeiro, ocasião perfeita para trazer as 4 Pinturas retidas no Hotel Salles sem chamar a atenção e nem ter que justificar a propriedade perante as Autoridades locais. Passariam despercebidas naturalmente entre 122 Obras que compunham a Coleção de Costantini... era bem possível. 


Lembramos novamente da afirmação do Ricardo Wagner. De que o Pedrini teria viajado à Bs. As. com o José Roberto. Será que tem a ver uma coisa com a outra? Será que o José Roberto foi com alguém se fazendo passar por meu Pai e disse que foi com ele?


As peças do quebra cabeça estavam se encaixando com uma lógica factual assustadora!


Lembramos que em algum momento alguém nos disse que tínhamos “vendido” a dívida no Hotel Sales e todos os nossos pertences retidos, o que de fato nunca aconteceu! Se assim fosse, porque estaríamos buscando a verdade até hoje, ao ponto de contar a real história, baseada nos fatos acontecidos? Temos documentações que demonstram que ao longo dos anos tentamos de diversas formas recuperar nossos bens.


Bem, sigamos...

 

Telefonamos em diversas ocasiões para o Hotel Salles em Bs. As. Em 1997 por exemplo, o Gerente Julio Cesar Galleti, aquele que nos retivera nossos pertences em 1996, nos informara que a dívida, até aquele momento, Agosto de 1997, estava reajustada em U$ 1.700,00. A dívida original era de 830 Pesos (pois tínhamos pago 100 pesos).


Já no ano 2000 fizemos novo contato com o Hotel Sales, e pelo telefone falei com o Gerente da época, Hector Padrera, nos dias 12 e 13 de julho. Naturalmente pedi para falar com os Gerentes que já conhecia, Sr. Galetti ou Sr. Nicolás Pujatti. Informou-me que não trabalhavam mais no Hotel, que todo o quadro de funcionários tinha mudado após nossa hospedagem e que o Hotel havia sido vendido, ou seja, tinha novo Dono. Estamos falando de um período de 4 anos apenas. Disse ainda que nossos pertences não se encontravam mais na sala que ficava atrás da recepção ou “conserjeria”, que tinham levado para outro lugar, sem especificar o local exato, o que nos despertou desconfianças. Disse-me ainda (e o que era mais grave) que uma pessoa se apresentara lá no Hotel, sem especificar exatamente quando, dizendo que meu Pai tinha-lhe “vendido a dívida” junto ao Hotel Salles, o que teria lhe dado o direito de resgatar as 4 Pinturas e o restante de nossa bagagem. Fiquei estarrecida com aquela informação e contestei a afirmação na hora! Isso nunca acontecera!

 

Para a retirada dos bens, era necessária a apresentação da Ata Notarial lavrada pela Escrivã quando nos retiramos e que não estipulava prazo para ser encerrada, juntos dos 7 cartões que correspondiam aos volumes e nos foram entregues pelo “Conserje” ou “porteiro” responsável pela recepção, Aquiles Romero, documentos que estão em nosso poder até hoje, guardados em local seguro e tudo devidamente digitalizado.

 

O lógico seria que tivéssemos entregado esses documentos à tal pessoa, se de fato houvéssemos “vendido a dívida”. E certamente, se assim fosse, teríamos sacramentado por escrito. Ou seja, a tal pessoa deve ter apresentado algum documento que o autorizasse. Caso contrário, como é que o Hotel faria entrega de bens alheios registrados em Ata Notarial a um estranho? Como isso não aconteceu, podemos deduzir que houve algum ato ilícito praticado, obviamente sem o nosso conhecimento ou consentimento. E se de fato existiu esse tal documento, diga-se de passagem “documento falso”, deve ter sido apresentado no Hotel Salles para retirada dos nossos bens, e se assim fosse, o Hotel poderia ter-nos apresentado como comprovante de sua legalidade, o que os ampararia legalmente para rebater qualquer reclamação nossa à qualquer tempo. Mas esse suposto documento nunca apareceu. Ou seja, é bem provável que nem exista.


Imaginem: se hipoteticamente tivéssemos feito alguma transação de “venda da dívida”, porque estaríamos reivindicando nossos direitos ao longo de tantos anos após? Não faz sentido.  


A partir daí, ficamos mais obstinados em voltar à Bs. As. para verificar pessoalmente se nossos pertences, de fato, ainda estavam sob a guarda do Hotel Salles na qualidade de fiel depositário.  


A pergunta que nos inquietava era: quem teria sido? Nessa hora, a memória nos aponta o José Roberto Marinho de novo. Será que foi ele?


Passamos a acreditar que as informações que o Gerente Padrera nos passara eram lógicas e faziam sentido. Porque afirmaria algo se não tivesse pleno conhecimento de causa? 

 

No afã de obter uma prova concreta, no dia seguinte, 21 de julho, enviei um fax pedindo ao Gerente Padrera que nos envia-se fotos das Pinturas e da bagagem, demonstrando que realmente se encontravam em poder do Hotel Salles. No fax fiz referência ao que tínhamos conversado por telefone, no tocante à informação relativa a que estariam cobrando 5 pesos diários pela guarda dos nossos pertences desde 3 de Setembro de 1996 (o que somaria uns 7.000/7.200 pesos aproximadamente, quase 4 anos após, de uma dívida inicial de 930 pesos). Precisávamos ter certeza de que estava tudo com o Hotel. Porém, não houve resposta ao Fax, muito menos a comprovação fotográfica que lhes solicitei, o que de certa forma confirmava a possibilidade de que alguém tivesse retirado tudo, conforme o Gerente Padrera me contara, e obviamente, não poderíamos descobrir.


A situação começava a tomar outra dimensão. Pensamos que tipo de providências poderíamos adotar doravante.


Foi então quando buscamos apoio diplomático na Argentina e aqui no Brasil, para que nos ajudassem de alguma forma plausível.


Tanto que, em 01/09/2000 enviamos um fax relatando o acontecido ao então Cônsul do Brasil na Argentina, o Embaixador Ademar Bahadian, solicitando-lhe intermediação junto ao Hotel Salles, no intuito de que mantivessem a dívida original para podermos retirar nossos pertences (já desconfiando que não se encontravam mais lá, mas seguindo em frente para descobrir a verdade).


No dia 19 de setembro seguinte, recebemos por email resposta do Cônsul Geral Adjunto, Ruy A. Tavora, acusando o recebimento de nossa correspondência de 1º de Setembro, e informando que, apesar da intervenção do Consulado, o entendimento do Hotel Salles era de que devíamos saldar a dívida pelos 4 anos de armazenamento de nossos bens. Sugeriu-nos contratar um Advogado na Capital de Bs. As. Porque faria tal sugestão? Deduzimos naturalmente que vislumbrou uma situação que necessitava de amparo legal, porque haveriam sido praticadas ilegalidades e abusos de autoridade, seguidos de apropriação indevida, onde dois cidadãos argentinos e uma brasileira estavam envolvidos. A proporção que tal conflito estava por atingir retrata o caráter diplomático da questão, com dois Países, suas legislações e amparos legais para serem aplicadas ao caso.


Outra questão que nos fora apontada é que, se de fato as Pinturas foram “vendidas” para uma terceira pessoa como alegado e descrito acima, antes de sair de solo Argentino, deveria ter sido pago um imposto de 30% sobre o valor final da venda, que pode ter sido negociado qualquer preço. Porém como as 4 Pinturas estavam avaliadas juntas em 118 Milhões de Dólares, e foi divulgado publicamente em Matérias de Jornal Brasileiras e constava na Ata Notarial Argentina, o Governo Argentino poderia ter exigido 35,4 milhões de Dólares de imposto, se a transação chegasse ao conhecimento das Autarquias Governamentais e Fazendárias Argentinas. Daí se deduz que as 4 Pinturas saíram da Argentina sem fazer alarde, bem escondidas, passando despercebidas, o que nos confirma a hipótese quase certeira de que vieram misturadas entre as Pinturas que faziam parte da Coleção Costantini.  


Ou seja, o Artista não vende as Pinturas de sua propriedade, lhe são “roubadas”, ou se preferirem um termo um pouco mais suave, porém não menos implicatório e grave, “apropriadas indevidamente”, perde sua bagagem pessoal onde havia material profissional, passa por um tremendo sufoco com sua Família por anos, enquanto outros ganham e se beneficiam às suas custas. Quanta indignação!

Antes de continuar com a narração dos fatos, abro um parêntesis para fazer a seguinte observação que é bem relevante ao assunto: 


Nossa principal reivindicação sempre foi quanto à saber onde as 4 Pinturas estão! São Obras de Arte que não podem desaparecer, e o Autor, neste caso o Pintor Pedrini, segundo as Leis Brasileiras, tem o direito legal de reivindicar a qualquer tempo o paradeiro de suas Obras em defesa de sua integridade física, e de ter acesso às mesmas. É um direito moral, inalienável e irrenunciável (Artigo 27 da Lei de Direitos Autoriais 9610/98 - LDA), amparado paralelamente pela Constituição Brasileira e por outros ditames legais.


LDA...


Art. 24. São direitos morais do autor:


I - o de reivindicar, a qualquer tempo, a autoria da obra;


II - o de ter seu nome, pseudônimo ou sinal convencional indicado ou anunciado, como sendo o do autor, na utilização de sua obra;


III - o de conservar a obra inédita;


IV - o de assegurar a integridade da obra, opondo-se a quaisquer modificações ou à prática de atos que, de qualquer forma, possam prejudicá-la ou atingi-lo, como autor, em sua reputação ou honra;


V - o de modificar a obra, antes ou depois de utilizada;


VI - o de retirar de circulação a obra ou de suspender qualquer forma de utilização já autorizada, quando a circulação ou utilização implicarem afronta à sua reputação e imagem;


VII - o de ter acesso a exemplar único e raro da obra, quando se encontre legitimamente em poder de outrem, para o fim de, por meio de processo fotográfico ou assemelhado, ou audiovisual, preservar sua memória, de forma que cause o menor inconveniente possível a seu detentor, que, em todo caso, será indenizado de qualquer dano ou prejuízo que lhe seja causado.

Há que se levar em consideração também as Leis Argentinas que assertivamente devem apontar caminhos legais de defesa por varias óticas.


Voltando ao relato da história...


Contratar um Advogado no Brasil já tem custos elevados. Em outro País então! Para nós era impraticável.

 

Foi quando recebemos no dia 11 de Outubro (estamos no ano 2000) outro email do Consulado Brasileiro na Argentina, em aditamento ao email deles de 19 de Setembro. Forneceram-nos o email da Defensoria del Pueblo de la Ciudad de Buenos Aires, por possuírem um programa específico de proteção ao turista e atuar na defesa do consumidor. 


Uns dias antes, no dia 6 de Outubro, tínhamos enviado um fax para a Diretoria de Assuntos Consulares Jurídicos e de assistência de Brasileiros no Exterior, dirigido ao Diretor Geral, Embaixador Ruy Pinheiro de Vasconcellos, solicitando-lhe intervenção junto ao Consulado Brasileiro em Bs. As. 


Tornei a enviar um email em 13/10/2000 ao Cônsul Geral Adjunto, Ruy A. Tavora, e no dia 17/10/2000 reforcei o envio pelos correios anexando copia da Ata Notarial, como resposta a seu email de 19/09/2000. Destaco-lhe que conversei ao respeito com o Vice-Cônsul, Sr. Rodrigo Medeiros, no dia 03/10/2000, a quem menciono em minha resposta. Desta vez tínhamos novas informações. Contei sobre a hipótese levantada de que um terceiro poderia ter retirado nossos pertences sem nosso conhecimento alegando a falsa “compra da dívida”, portanto de forma ilícita, solicitando-lhes que fossem ao Hotel Salles para conferir e tirar fotografias que comprovassem que nossos pertences, de fato, se encontravam de posse do Hotel. E que em base às informações recebidas, entendíamos o porque de tantos obstáculos, bloqueios e injustiças praticados contra nós, pois à essa altura, já estávamos enfrentando situações bem difíceis que nos impedira de retornar à Bs. As. para solucionar esta situação. 


Comentei que, paralelamente, estávamos preocupados que tantas mentiras poderiam prejudicar nossas boas relações com a Família Marinho, desde que pretendíamos presentear o Dr. Roberto com o Retrato no seu próximo aniversário, 03/12/2000. Para isso, precisávamos recuperá-lo primeiro. Aproveitei para agradecer a indicação da Defensoria em Bs. As.


Nosso próximo passo foi contatar a Defensoria del Pueblo de la Ciudad de Bs.As, a quem enviamos email no dia 17 de Outubro de 2000, solicitando informações quanto ao procedimento para poder recuperar nossos bens.


Em telefonemas nos informaram que o Secretario Geral era el Sr. Héctor Masquelet e pediram que lhes enviasse meus dados documentais (informei os brasileiros e os argentinos) e endereço, o que fiz em 23 e 24 de Outubro de 2000. 


Ficamos aguardando retorno. E sem ter recebido qualquer contato, telefonei no dia 21 de Novembro. Quem me atendeu foi o Dr. Diego Console, quem me solicitara que lhes enviasse por correio copia da Ata Notarial, dos 7 cartões correspondentes aos volumes, a relação da conta que deixamos no Hotel (que estava no meu nome, desde que fui eu, junto da minha Avô, que entramos no Hotel primeiro no dia 27/08/1996) e o fax enviado ao Hotel Salles, desde que o Consulado não lhes aproximara esses documentos, conforme combinado com o Vice-Cônsul, Rodrigo Medeiros. Despachei pelo correio como correspondência registrada no dia seguinte, 22 de Novembro, junto de uma carta com informações, inclusive solicitando que nos enviassem cópia do Ofício que enviaram ao Hotel no dia 20/11/2000, o qual não recebemos, conforme me afirmou tê-lo enviado ontem. Foi dirigida à Dra. Gabriela Sakim.


Também cheguei a conversar com o Dr. Juan Carlos Gastaldi em algumas ocasiões.

 

No dia 27 de Novembro, recebemos o email do Sr. Héctor Masquelet com o referido Ofício com fecha de 23 de novembro, onde tem como referência a “Actuación Nº 4333/00” e solicita informações ao Gerente do Hotel Salles quanto ao acontecido, fazendo menção das atribuições legais da Defensoria. Nossa causa ganhara nº oficial. 


Nesse mesmo dia 27 de Novembro, após receber o email do Dr. Masquelet, escrevi uma carta, de próprio punho e em papel personalizado com minha foto, dirigida ao Dr. Roberto Marinho, manifestando mais uma vez e de forma efusiva, nosso desejo e certeza de que o Retrato tinha que ficar com ele e no seu Lar, para seu deleite e alegria, certeza que tivemos desde que a Obra fora concebida. Mencionei que houve percalços no meio do caminho que impediram que realizássemos uma Exposição em sua homenagem por ocasião do seu 96º aniversário, escolhendo o MNBA – Museu Nacional de Belas Artes ou a Fundação Roberto Marinho (de sua propriedade), locais que não nos confirmaram o espaço para tal fim, inviabilizando os Patrocínios decorrentes que nos possibilitariam regressar à Bs. As. e recuperar nossos bens, principalmente seu Retrato, o qual lhe presentearíamos no dia 3 de Dezembro. Disse-lhe que esse resgate tinha se tornado uma meta para nós, uma razão de vida que demarcaria o fim de uma etapa traumática e o início de uma nova etapa com harmonia e paz. Informei ainda que tínhamos solicitado apoio Consulado Brasileiro em Bs. As., quem por sua vez me encaminhara à Defensoria do Povo da Cidade de Bs. As, Órgão que abrira um processo contra o Hotel Salles à causa do atropelo violento, injusto e ilegal praticado contra nós quando viajamos em 1996, que 
culminara na retenção de nossa bagagem, incluindo seu Retrato. Mencionei a Ata Notarial e que cheguei a procurar o Itamaraty em Brasília, sem no entanto ter recebido qualquer posição definida. E que todos nos prometiam resolver tudo até o final desse ano (2000).  Era o que mais desejávamos para vê-lo feliz e ficar em paz com ele e com sua Família. Enalteci nosso apreço, admiração e respeito por ele, por ser uma figura tão importante para o Brasil e o Mundo, destacando-se como personalidade por expandir-se e abranger-se com sabedoria, educação e visão, beneficiando muitos seres humanos que precisam viver e crescer com estabilidade. Mencionei que ainda não tínhamos atingido essa benção, que estávamos lutando contra opositores e traidores que nos enganavam e se aproveitavam da nossa confiança para impedir nosso crescimento, atribuindo a que pudesse ser inveja. Ratifiquei que nunca deixaríamos de lutar, por mais difícil que fosse, e que faríamos o que estivesse ao nosso alcance para lhe presentar com o Retrato. Pedi sua compreensão, imaginando que não pudéssemos presenteá-lo para seu próximo aniversario, talvez naquele Natal, pois não dependia apenas de nossa boa vontade. Mas que soubesse que o Retrato já era dele e que ninguém poderia se opor a esse fato. Manifestei que era um sonho chegar no final do milênio fazendo parte do seu seleto grupo de amigos. O parabenizei de coração e antecipadamente pelo seu novo aniversário, desejando que Deus o abençoasse com mais anos de vida e que nos permitisse partilhar com ele momentos de felicidade e amizade sincera. Para encerrar, transmiti votos de saúde, paz, alegria e união. Terminei com a palavra: Longevidade e assinei. Entreguei esta carta pessoalmente, nas mãos de um secretario seu na Presidência do Jornal O Globo no Centro do Rio de Janeiro (Roberto Marinho era o Presidente), quem assinou Pontes às 17:10 hrs, 27-11-00. (guardamos a cópia que comprova que foi recebido).

 

Como podem ver, mantivemos O Dr. Roberto à par de tudo o que estava acontecendo, em detalhes, como demonstração de boa-fé de nossa parte, pois sempre fomos muito sinceros, sem nada a esconder, defensores ferrenhos da verdade, dignos de confiança. Por isso comprovamos, com nossos atos, nossa forma de proceder à luz da verdade...sempre! Podem achar que foi ingenuidade, e sim... hoje percebemos que fomos bem ingênuos. Mas somos fieis à nossa essência bem intencionada, temos boa  índole, é nossa forma de ser. E prezamos demais o bom relacionamento com as pessoas. Com o Dr. Roberto não foi diferente. A final, ele sempre foi um grande admirador da Pintura do Pedrini, meu Pai, adquirindo algumas de suas Pinturas desde 1983 que até hoje fazem parte da Coleção Roberto Marinho.


Bom...voltando à sequência histórica... estávamos no recebimento por email, em 27/11/2000, do Ofício que a Defensoria enviara ao Hotel Salles.


Depois disso, somente no dia 7 de Dezembro é que a Defensoria nos enviara por email a resposta do Hotel Salles, datada de 22 de Novembro, a través do seu Advogado, Dr. Julio de Kemmeter, quem usou de argumentos mentirosos e fáceis de contestar. 


Obs: há uma contradição com relação à data em que a Defensoria teria enviado o Ofício ao Hotel. A Defensoria diz que foi dia 20/11/2000; Já o Advogado do Hotel faz menção que teriam recebido tal Ofício no dia 11/11/2000. Tinham prazo de 10 dias. Se foi dia 20, responderam 2 dias depois e dentro do prazo (estariam assustados?); agora se foi no dia 11, teriam demorado 11 dias na resposta e um dia fora do prazo estipulado pela Defensoria (podem ter querido passar a impressão de calma).


Seguindo com o conteúdo da resposta do Dr. Kemmeter...


Primeiro: manifestou que eu, Rosângela, tinha me hospedado no Hotel de 28/08/1996 à 03/09/1996.  Na verdade entrei um dia antes, 27/08/1996, como consta no estado de conta, e não foi sozinha, pois como já relatado, minha Avô estava comigo. Inclusive porque a suíte 408 era para 3 pessoas, tinha 3 camas de solteiro (um fator importante que influencia no valor da diária). Meu Pai chegaria uns dias depois... já abordei este capítulo da história.


Segundo: me acusou de intentar me retirar do Hotel (mentira!) devendo 930 pesos, alegando que nada tinha pago desde meu ingresso. Duas mentiras fáceis de comprovar: eu tenho até hoje o recibo que comprova que paguei 100 pesos quando entramos no Hotel. Então a dívida na verdade seria de 830 pesos. E em momento nenhum tentei me retirar do Hotel sem pagar! Quando, naquele fatídico dia 3 de setembro, o Gerente nos telefonou na suíte, era bem cedo e nós três (meu Pai, minha Avô e eu) estávamos dormindo, por tanto nos acordou. Nem tínhamos tomado o café da manhã ainda!. Exigiu que pagássemos a dívida integral até aquele momento, e a Ata Notarial prova isso! Se fosse como ele afirma, teriam nos interceptado na recepção do Hotel com todos os nossos pertences querendo ir embora. Ninguém tentaria sair de um Hotel deixando seus valiosos pertences para trás, ainda mais quando há 4 Obras de Arte importantes! Estávamos dormindo! Ele mentiu novamente!


Terceiro: me acusou que, por ser estrangeira e não possuir cartão de crédito, a única forma que o Hotel tinha para cobrar o que chamou de legítimo crédito, foi reter os bolsos de minha propriedade e os 4 quadros devidamente embalados e que, segundo ele, ainda se encontravam no interior do Hotel. Neste sentido já haviam indícios de que não estariam mais lá, muito menos no interior do Hotel, como explanado neste histórico anteriormente. Destaco ainda que os bolsos não continham bens apenas meus, e sim nossos, inclusive material profissional. E os quadros são de autoria do Pedrini, meu Pai quem estava presente. Outro detalhe importante para apontar é que, tanto meu Pai como minha Avô, são Argentinos, e eu tenho DNI Argentino com radicação definitiva lá.
 

Como já explanado na 2ª parte desta história, tínhamos efetivo para pagar uma boa parte da dívida, e como a reserva era por 10 dias e estávamos quase no final dela ainda faltando 3 dias para conclui-la, e com recursos para receber, completaríamos tranquilamente o pagamento total. O Gerente não aceitou e praticou seu abuso de poder. 


Quarto: alegou que eu tentei a restituição dos meus pertences em muitas oportunidades sem oferecer pagar a dívida (mentira deslavada!) Jamais pretenderíamos tamanho absurdo!


Quinto: entenderam que, pelo que expuseram, tinham direito à cobrança do crédito com juros e mora, além dos custos de depósito da “mercadoria” retida como garantia. 


Como podem ver, ele deturpou os fatos vergonhosamente, querendo justificar a prática de um atropelo ilegal, como se eu (nós) tivesse dado razões para isso, e não foi assim que as coisas aconteceram. Os documentos corroboram a verdade absoluta. 


Nossa reação subsequente foi de rebater veementemente todas as falsas acusações.


Destarte, escrevemos uma extensa carta datada de 11/12/2000, enviada por email no dia 12/12/2000. Neste documento contestamos cada um dos argumentos mentirosos (apontados acima) e já explicados neste relato na 2ª parte relativa a viagem. Sugeri ainda que procurassem a Escrivã Mónica Iglesias para que relatasse o que viu e a deixou escandalizada, pois foi testemunha da situação real que o Hotel praticou contra nós de forma agressiva, violenta, desrespeitosa e ilegal; anexei foto do cartão dela com seus contatos pessoais, como ser telefone e endereço.   Outro aspecto que apontei nessa carta foi em relação aos contatos comerciais que vínhamos estabelecendo com Instituições Culturais e Galerias de Arte Argentinas, na busca por parcerias como Artistas Plásticos e Promotores Culturais, o que certamente, de acordo às negociações previamente iniciadas, iria nos render resultado exitoso quanto à venda de algumas das Obras de Arte que levamos (exceto o Retrato do Acadêmico Roberto Marinho). Tanto que naquele dia, 3 de Setembro, tínhamos agendada uma reunião às 15:30 hrs com a Diretora do Museu da Casa Rosada, Dra. Irma Arestizábal. Dias antes, fui pessoalmente ao Museu, e a secretaria da Dra. Arestizábal escrevera de próprio punho num papel os telefones para agendar aquela reunião. Também éramos aguardados em duas Galerias de Arte nesse mesmo dia. Ficamos totalmente impossibilitados de ir ou de avisar desmarcando à causa do transtorno que tinham nos criado. Por tanto, não tínhamos a menor intenção de retirar-nos do Hotel naquele dia, e muito menos abrir mão de pertences tão valiosos. Baseados nas informações recebidas, solicitei encarecidamente que, de acordo às *atribuições legais da Defensoria, que fossem pessoalmente ao Hotel para verificar se nossos pertences, de fato, se encontravam lá ou num depósito externo, e em que estado, registrando fotograficamente cada um dos volumes, não sendo suficiente declarações escritas.  


Descrevo, traduzindo para o português, as *atribuições apontadas: 

3) Solicitar vistas de expedientes, informes, documentos, antecedentes y todo outro elemento que estime útil aos efeitos da investigação, ainda aqueles classificados como reservados ou secretos;


7) Requerer o auxílio da Força Pública para o desempenho de sua labor de investigação (caso se neguem)


 

Expressei, com toda razão, minha inconformidade com o mal procedimento e má-fé dos dirigentes do Hotel Salles que tentam transferir infamemente, para minha pessoa, sua própria culpabilidade, querendo me acusar injustamente do seu próprio crime, desrespeitando-me como pessoa, à minha Família e ao meu País, não admitindo ofensas por parte desses cidadãos que mentem, contrariando a Ata Notarial, os fatos reais e todos os documentos que comprovam o contrário do que eles falseiam. Reiterei o pedido ao Dr. Masquelet para que comparecessem pessoalmente nas dependências do Hotel e que tomasse as providências legais e judiciais cabíveis, revertendo em meu favor, a título de danos e perdas, morais e patrimoniais, os valores reajustados que me exigem, por terem sido os verdadeiros causadores da dívida e pelas infâmias proferidas contra mim e minha Família, pelo tempo e  transtornos ocasionados, lucro cessante, incluindo o cancelamento da Exposição que faríamos em Homenagem ao Dr. Roberto Marinho, quando lhe presentearíamos com o Retrato pintado por meu Pai, o Pintor Pedrini, por ocasião de seu 96º aniversario, completados em 03/12/2000. Para finalizar, agradeci sua intervenção, confiante de que antes do final do ano (2000) pudesse obter uma solução justa e assim evitar de ter que tornar a história pública através da Imprensa, o que ocasionaria uma polêmica internacional por se tratar de 4 Pinturas que totalizavam o valor de US$ 118 Milhões. Nosso desejo era o de alcançar uma solução pacífica onde nossas integridades, moral e ética, fossem resguardadas, assim como a imagem da Defensoria. No corpo do texto anexei: *as fotos das 4 Pinturas com nomes, dimensões e preços; o recibo de pagamento da primeira diária; o cartão pessoal da Escrivã Monica Iglesias; e o bilhete da secretaria da Diretora do Museu da Casa Rosada.


*Esses mesmos anexos foram enviados em separado e por fax no mesmo dia 12/12/2000.


Em um desses e-mails, solicitei que nos enviassem os artigos do Código Civil Argentino referentes à hospedagem. Informei que nesse mesmo dia, pelo telefone, tinha falado com a Sra. Gimena, quem encomendaria a tarefa ao pessoal do Setor Jurídico. No final do dia o Dr. Masquelet confirmou o recebimento de toda a informação referente à Atuação 4333/00.


Lembro que nos enviaram essas referências legais, as que temos guardadas e impressas. Alguns artigos eram relativos à questão de “apropriação indébita”. 


Fomos mantendo contatos telefônicos nesse meio tempo.


Depois disso, em 14/03/2001 recebemos um email provindo da Defensoria do Povo da Cidade de Bs. As
assinado pelo Dr. Carlos Guzzini, quem manifesta que, após negociações com as autoridades do Hotel Salles, conseguiu, por seu intermédio, que aceitassem nossa proposta de pagar US$ 1.000,00 para restituir-nos nossos pertences retidos, sem nada mais a reclamar por nenhuma das partes. Pediu que acelerássemos os trâmites e que o comunicássemos o mais rápido possível, para evitar que tal negociação se frustrasse. 
Passaram um dias sem que víssemos o email. Na época usávamos lan house, pois ainda não tínhamos computador pessoal. 


O Dr. Guzzini nos telefonou no dia 26/03/2001 avisando que tinha enviado o email.


No dia seguinte, 27/03/2001 respondi na sequência o email do Dr. Guzzini, acusando o recebimento do seu email e deixando constância do seu telefonema no dia anterior. Agradeci pela negociação que alcançara junto às autoridades do Hotel Salles e manifestei que provavelmente viajaríamos em Maio desse ano, eu e meu Pai, autor das 4 Pinturas e assinante da Ata Notarial, para recuperar nossos pertences, contando que estivessem em perfeito estado para nada mais ter a reclamar, mediante o pagamento de 1.000 dólares, conforme sua negociação. Que lhe avisaríamos dia e hora que chegaríamos em Bs. As. E que esse assunto era para nós prioritário e que tínhamos o maior interesse em resolvê-lo o mais rápido possível. Reiterei meus agradecimentos.


Consideramos que obtivemos um grande êxito na época, e que todo o nosso emprenho tinha surtido bons frutos. 


Com muito entusiasmo a partir daquele momento, nossa meta imediata foi, mais uma vez, conseguir os recursos financeiros o mais rápido possível para, finalmente, depois de 4 anos de árdua luta, poder retornar a Bs. As. e recuperar nossos bens e as 4 Pinturas. 


Tentamos e tentamos, de todas as formas possíveis, recorremos a pessoas conhecidas e que tinham prestígio na Sociedade e boa situação financeira. Foram se passando os dias... meses... e nada! Por incrível que pareça... não conseguimos de jeito nenhum! A aflição começara a tomar conta do nosso emocional.

Mas, para possibilitar uma maior compreensão dos obstáculos que enfrentávamos, vamos apontar os principais fatos relativos à nossa situação à época.


Acompanhem na 4ª Parte: AS CONSEQUÊNCIAS.

 

...

 

Por: Rosângela Jassé Silva Pedrini
 


 

Os documentos da galeria ao lado podem ser visualizados em detalhe neste PDF

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